Ganhei esse livro em 09/05/2014, dias depois de defender a minha tese de doutorado, e comecei a lê-lo pelo fim:
capítulo 5 – Depois de junho a paz será total.
ARANTES,P. (2014a): ARANTES, Paulo. O novo tempo do mundo. São Paulo: Boitempo, 2014. 460p.
- ARANTES, P. (2014b): ARANTES, Paulo. Depois de junho a paz será total. In: _______. O novo tempo do mundo. São Paulo: Boitempo, 2014. p.353-460. [citado em: Convite a um Levante]
trechos:
p.379: As coisas estavam nesse pé quando me deparei com a tese do antropólogo James Holston, que estuda periferia em São Paulo desde os anos 1980 – tendo, aliás, nesse meio tempo, publicado um livro muito conhecido sobre as notórias segregações socioespaciais multiplicadas pelo urbanismo de Brasília, a utopia urbana que virou pesadelo. [35] A tese desnorteia, não menos que o título, no meu desconhecimento de outras acepções possíveis do termo no repertório político e intelectual americano: Cidadania insurgente: disjunções da democracia e da modernidade no Brasil. [36] Há três décadas, a periferia de São Paulo está povoada de cidadãos “insurgentes” e não sabíamos, ou melhor, não sabíamos que seus moradores fora de esquadro também podiam ser chamados assim. Assim como? A definição de Holston é peculiar, por isso a transcrevo, renunciando ao comentário que ela sem dúvida pede:
A insurgência define um processo que é uma ação na contramão, uma contrapolítica, que desestabiliza o presente e o torna frágil, desfamiliarizando a coerência com que geralmente se apresenta: insurgência não é uma imposição de cima para baixo de um futuro já organizado. Ela borbulha no passado onde as circunstâncias presentes parecem propícias a uma irrupção. [37]
Desde que a entendamos […] Assim abrangente, o sentido de “insurgente” não pode ser mesmo normativo, como adverte o autor: “Cidadanias insurgentes não são necessariamente justas ou democráticas, populistas ou socialistas. Cada caso deve se avaliado”.
comentário: Registre-se que a rede LevanteBH é uma insurgência democrática e seus integrantes são insurgentes utopistas.
p.379-notas:
[35] James Holston, A cidade modernista: uma crítica de Brasília e sua utopia (São Paulo, Companhia das Letras, 1993).
[36] São Paulo, Companhia das Letras, 2013. A edição original americana é de 2008.
[37] Ibidem, p. 63.
p.380: O desenvolvimento das periferias urbanas – não periferias quaisquer, mas as autoconstruídas – é descrito assim como um confronto entre duas cidadanias, uma insurgente e outra entrincherada. […]
comentário: veja a conexão que fiz ao assistir ao filme “Judas e o Messias negro” de Shaka King.