Esta página foi uma das últimas a serem criadas no website LevanteBH. Isso se deu como um imperativo da pesquisa Como viver junto na cidade.

Explico. À medida que as postagens do website LevanteBH foram preparadas, foi ficando cada vez mais visível o que ainda falta ser estudado e executado na busca de cidades inclusivas. Claríssimo ficou que mesmo após a conclusão da pesquisa, muito ainda haverá a ser estudado e executado, em um movimento firme e permanente de insurgência contra a barbárie. 

Enquanto registrava os resultados da pesquisa, inicialmente não disponibilizados na internet, observei que muitas eram as constatações de negligência, omissão e até mesmo de violação de direitos. Elas são, por vezes, encobertas por uma aura de desinformação e protegidas por supostas impossibilidades de superação ancoradas no senso comum. Foi quando percebi que um leitor desavisado poderia tomar esses meus registros como meras denúncias. Pior: leitores descarados podiam simplesmente responder com um “e daí?" e leitores mal-intencionados podiam tomá-los como ataques pessoais a gestores. Voltei a elas, analisando registro a registro. Muitas dessas faltas foram, então, classificadas como desafios a serem superados.  

Para cada desafio a ser superado, fui buscando formular, caso a caso, propostas e recomendações. Elas foram, na medida do possível, sendo compartilhadas com quem estava mais próximo enquanto o website LevanteBH não ficava pronto. Isso me permitiu até mesmo registrar a superação de alguns desses desafios. 

Durante a pesquisa, lendo sobre a obra de Franz Fanon, concluí que a pesquisa Como viver junto na cidade podia também apresentar alternativas e elencar possibilidades para “edificar instituições atravessadas pela preocupação pelo homem". Ao formular os desafios, fiquei ainda mais seguro de que não garantir o desenho universal na mobilidade urbana é encurralar os habitantes das cidades em “soluções desesperadas" levando-nos a viver em uma “sociedade inviável, uma sociedade a substituir”.  Essas premissas me auxiliaram na seleção de “redes com interesses convergentes" e “entidades potencialmente parceiras" listadas na página rede LevanteBH. 

Cito alguns exemplos de desafios da pesquisa Como viver junto na cidade, iniciando com um bem simples. Por vezes, a leitura de um documento aponta para a necessidade de leitura de outro, que precisará ser obtido antes de poder ser estudado. A obtenção desse documento é classificada como um desafio e caberá apenas a nós mesmos, da rede LevanteBH, superá-lo. Como uma estratégia para sua superação, ele é inicialmente registrado como um “desafio lançado e ainda não superado", ou seja, um “desafio pendente". Quando o documento objeto do desafio é encontrado, volto ao registro original e o reclassifico como um “desafios superado". Foi o que aconteceu com o livro “Aos nossos amigos" do Comitê Invisível.

Descrevo, agora, uma proposta formalizada como uma recomendação à Prefeitura de Belo Horizonte, que é um grande desafio a ser vencido e, portanto, um desafio pendente. Em uma nota técnica, após amplo diagnóstico, conclui-se que a inexistência de uma política municipal de acessibilidade, formalmente instituída, gera constrangimentos na efetivação de direitos já garantidos pela legislação. Mesmo sabendo que a edição de uma norma, por si só, nunca é capaz de sozinha superar um problema, a pesquisa Como viver junto na cidade recomenda que uma política seja formalmente instituída, apresentando inclusive a minuta de um decreto para tal.  Nesse caso, o desafio a ser superado é fazer com que a nossa recomendação chegue ao prefeito e que ele a siga instituindo a Política Municipal de Acessibilidade com Desenho Universal (Padu-BH). Esse é, certamente, um dos maiores desafios da pesquisa. Outro desafio, associado a esse, é fazer com que políticos progressistas, Brasil afora, tomem conhecimento dessa recomendação formulada pontualmente para Belo Horizonte e a adaptem às suas realidades. Cito dois exemplos, bem próximos geograficamente: Contagem e Juiz de Fora. Oxalá algum integrante da rede LevanteBH faça esta notícia chegar às prefeitas Marília Campos e Margarida Salomão: esse é mais um desafio. Desde já, ofereço-me para ajudar essas duas prefeitas  (e outros políticos que quiserem) a instituir suas políticas locais de acessibilidade. 

Por fim, um exemplo de uma recomendação ainda em fase de formalização, que certamente será transformada em um desafio. Ao estudar um parecer de um técnico do Iepha relativo a calçadas da Avenida Afonso Pena, concluí que a falta de acessibilidade no entorno dos abrigos de ônibus implantados no local são consequência de um projeto ruim de abrigo. Para atender plenamente aos requisitos de acessibilidade vigentes na legislação, que precisam estar em sintonia com a preservação do patrimônio histórico-cultural, precisaremos buscar outro modelo de abrigo para Belo Horizonte. precisa ser elaborado. O novo desafio poderá ser algo do tipo “criar abrigos de ônibus efetivamente inclusivos e em harmonia com a preservação do patrimônio histórico-cultural de Belo Horizonte". 

Posso aqui concluir que transformar cada problema detectado na pesquisa em um desafio, tome ele a forma que for, é uma forma de motivar a obtenção de um produto melhor, capaz de superá-lo. Dito de outra forma: cada problema importante detectado na pesquisa passa a integrar uma lista de “desafios lançados e não superados". Por conseguinte, cada vez que um êxito é obtido ele sai de sua lista original e passa a integrar a lista de “desafios superados". 

Isso é o que está apresentado a seguir, em duas listas de desafios, apresentadas sequencialmente. Observe-se que a segunda lista é bem menor, o que indica um longo caminho a percorrer.

A lista de “desafios lançados e não superados" é lançada com letras brancas sobre uma icônica fotografia em preto/branco, vista para quem acessa a página por um computador pessoal. Nela vemos uma imensa arquibancada, repleta de espectadores. À medida que descemos o cursor pela tela vemos um homem negro correndo à frente de homens brancos. Trata-se de Jesse Owens que, com a camiseta da Universidade de Ohio, compete no Coliseum da Universidade da Califórnia em 15 de junho de 1935. Essa vitória é um levante que ficou registrado na história dos Estados Unidos da América.

A lista de “desafios superados" apresentada em seguida dá acesso às postagens onde estão registradas as informações para compreensão plena de cada assunto. Cada postagem começa com o registro de duas datas do desafio: a do seu lançamento e da sua superação. Em seguida, é registrado o tempo gasto para a superação do desafio desde seu lançamento.

A rede LevanteBH espera que a página DESAFIOS de nosso website seja uma fonte de inspiração. Se você quer participar de alguma superação ou quiser propor o lançamento de um novo desafio, faça contato conosco. Assim fazendo vamos juntos construindo cidades inclusivas.

Marcos Fontoura de Oliveira

P.S.1: Para que as postagens sejam apresentadas nas listas abaixo utiliza- se o registro em “categoria". Para que elas sejam contadas utiliza-se o registro em tags.

P.S.2: Esta postagem pode ser entendida como um detalhamento de desafios para que a pesquisa Como viver junto na cidade seja concluída até junho de 2024. Caberá à rede LevanteBH assumir os desafios pendentes. Como sei que parte desses desafios não serão cumpridos durante a pesquisa, oxalá, pelo menos, fique cada vez mais curta a lista de desafios pendentes.

última atualização em 6 de junho de 2023

referência para citação desta página
OLIVEIRA, M. F. (2023c8): OLIVEIRA, Marcos Fontoura de. Desafios da pesquisa “Como viver junto na cidade". Belo Horizonte, LevanteBH, 23 fev. 2023 (atualizado em 27 maio 2023).

A seguir, referências das fotografias que ilustram esta página, destacando que nem todas elas são visualizadas quando o website não é acessado por um computador pessoal (por um telefone celular, por exemplo).

GIL, E. (1982): GIL, Eduardo. Niños desaparecidos. Segunda Marcha de la Resistancia, Buenos Aires, 9-10 dezembro de 1982. In: LEVANTES. Organização: Georges Didi-Huberman. Prefácio: Marta Gill. Introdução – O peso dos tempos: Georges Didi-Huberman. Com ensaios de: Judith Butler, Marie-José Mondzain, Jacques Rancière, Nicole Brenez. Tradução: Edgard de Assis Carvalho, Eric R. R. Heneault, Jorge Bastos, Mariza Perassi Bosco. São Paulo: Sesc, 2017. p.268 (legenda); p.269 (fotografia). (catálogo da exposição, São Paulo, Sesc Pinheiros, de 18 de outubro de 2017 a 28 de janeiro de 2018).
#pracegover: Passeata de mulheres segurando faixas e cartazes com imagens de crianças e mensagens.

UCLA (1935): UNIVERSITY OF CALIFORNIA, LOS ANGELES (UCLA). ULCA Dibrary Digital Collections. Collection: Los Angeles Daily News Negatives. Jesse Owens competes in a race against USC track members at the Coliseum. Los Angeles, June 15. 1935. Disponível em link externo: clique aqui.
#pracegover: Homem negro com camiseta escrito OHIO compete em uma corrida com homens brancos tendo ao fundo uma arquibancada repleta de espectadores.