BECKER, H. S. (2009a): BECKER, Howard S. Falando da sociedade: ensaios sobre as diferentes maneiras de representar o social. Tradução: Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Zahar, 2009. 310p. Título original: Telling about Society.
BECKER, H. S. (2009b): BECKER, Howard S. Prefácio. In: _______. Falando da sociedade: ensaios sobre as diferentes maneiras de representar o social. Tradução: Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Zahar, 2009. p.7-11.
- p.7 – primeiro parágrafo: “As ideias nasceram de minhas leituras habituais, aleatórias e casuais, de anos de ensino e do simples fato de viver como uma pessoa de interesses bastante ecléticos.” – um trecho desata frase está citado no verbete Biblioteca do Levante-BH.
- p.7 – primeiro parágrafo e trechos do segundo e quarto parágrafos: “Este nunca foi um projeto de pesquisa convencional. As ideias nasceram de minhas leituras habituais, aleatórias e casuais, de anos de ensino e do simples fato de viver como uma pessoa de interesses bastante ecléticos. Sempre fui um frequentador de teatros e cinemas, e um incansável leitor de ficção. Sempre pensei que estava aprendendo coisas interessantes sobre a sociedade quando fazia isso […]. Nunca fui bom na leitura da bibliografia oficial de disciplinas e campos formalmente traçados, e jamais pensei que as ciências sociais tinham o monopólio do conhecimento sobre o que se passa na sociedade.” – recorte citado na epígrafe da tese de doutorado de Marcos Fontoura de Oliveira.
- p.11): […] Os texto nas duas seções [Ideias e Exemplos] referem-se uns aos outros, e pretendo que o todo se aproxime mais de uma rede de pensamentos e exemplos que de uma argumentação linear. […]
BECKER, H. S. (2009c): BECKER, Howard S. Falando da sociedade. In: _______. Falando da sociedade: ensaios sobre as diferentes maneiras de representar o social. Tradução de Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Zahar, 2009. cap.1, p.15-26. (este artigo também está contido no livro Métodos de pesquisa em ciências sociais com o título Falando sobre a sociedade, em vez de Falando da sociedade)
Este capítulo foi bibliografia da disciplina Socioantropologia urbana, optativa do doutorado em Ciências Sociais da PUC Minas, no 2º semestre de 2010.
Tabelas estatísticas: p.15, p.16 (2 vezes), p.17; estatísticas (p.16).
Parte 1 – Ideias, Falando da sociedade, p.15): Por que os mapas que essa pessoas [turistas a pé, em San Francisco] consultam não as alertam para os morros? Os cartógrafos sabem como indicar morros, de modo que não é uma restrição do meio que causa transtorno aos pedestres. Mas os mapas são feitos para motoristas […] e os motoristas preocupam-se menos que os pedestres com morros.
Parte 1 – Ideias, Falando da sociedade, p.15): […] Cientistas sociais e cidadãos comuns usam rotineiramente não somente mapas, mas também uma variedade de outras representações da realidade social – alguns exemplos aleatórios são filmes documentários, tabelas estatísticas e as histórias que as pessoas contam umas para as outras, de modo a explicar quem são e o que estão fazendo. Todos eles [filmes, tabelas, histórias], como os mapas, dão uma descrição apenas parcial, mas apesar disso adequada para algum objetivo. […]
Parte 1 – Ideias, Falando da sociedade, p.16): […] Eu havia sido um leitor ávido de ficção desde menino, e, como a maior parte dos outros leitores de histórias, sabia que elas não são feitas apenas de fantasias, que frequentemente contêm observações que merecem ser lidas sobre como a sociedade é construída e funciona. Porque não representações dramáticas de histórias no palco também? Tendo sempre me interessado e envolvido em todas essas maneiras de falar sobre a sociedade, decidi tirar proveito da coleção um tanto casual e aleatória de exemplos que elas haviam depositado em meu cérebro.
Parte 1 – Ideias, Falando da sociedade, p.16-17): Assim, estou interessado em romances, estatísticas, histórias, etnografias, fotografias, filmes e qualquer outra forma pela qual pessoas tenham tentado contar a outras o que sabem sobre sua sociedade ou alguma outra sociedade que [fim da p.16] as interesse. Chamarei os produtos de toda essa atividade em todos esses meios de “relatos sobre a sociedade”, ou, por vezes, “representações da sociedade”. […] Mas as pessoas que trabalham numa área podem ter resolvido o problema de modo inteiramente satisfatório para elas, e assim sequer pensam nele como um problema, enquanto para outras pessoas ele parece um dilema insolúvel. Isso significa que estes últimos podem aprender alguma coisa com os primeiros.
Parte 1 – Ideias, Falando da sociedade, p.17): Somos todos curiosos em relação à sociedade em que vivemos. […] – indexado em London Wales, de Robert Frank.
Parte 1 – Ideias, Falando da sociedade, p.20): […] Mas as soluções que [algumas pessoas] dão para problemas comuns nos dizem muito e abrem nossos olhos para possibilidades que uma prática mais convencional não vê. As comunidades interpretativas muitas vezes tomam emprestados procedimentos e formas, usando-os para fazer algo em que seus criadores naquela outra comunidade nunca tinham pensado, ou que jamais tinham pretendido, produzindo misturas de método e estilo para se encaixar nas condições cambiantes das organizações mais amplas a que pertencem.
Parte 1 – Ideias, Falando da sociedade, p.20-21): Arte dramática. De maneira semelhante [à ficção], o teatro foi muitas vezes um veículo para o exame da vida social, em especial a descrição e análise de males sociais. George Bernard Shaw empregou a forma dramática para corporificar sua compreensão de como “problemas sociais” surgiam e quão profundamete penetravam o [fim da p.20] corpo político. Sua peça A profissão da sra. Warren explica o funcionamento do negócio da prostituição quando ela assegurava o sustento de pelo menos parte da classe alta britânica, e Major Barbara fez o mesmo para a guerra e o fabrico de munições. Muitos teatrólogos usaram a arte dramática para objetivos semelhentes (Henrik Ibsen, Arthur Miller, David Mamet).
Parte 1 – Ideias, Falando da sociedade, p.21): Filmes. […] Filmes de ficção também pretendem muitas vezes analisar e comentar as sociedades que apresentam, muitas vezes aquelas em que são feitos. Os exemplos vão desde o pseudodocumentário de Gillo Pontecorvo A Batalha de Argel (1966) a produções clássicas de Hollywood como A luz é para todos (1947), de Elia Kazan. [comentário meu: me lembrei da postura transgressora da mulher fumando na rua, da diretora de escola de “O açougueiro”]
Parte 1 – Ideias, Falando da sociedade, p.21): Fotografias. De maneira semelhante, fotografias imóveis ocuparam-se muitas vezes de análise social desde os primórdios do gênero. Um gênero bem definido de fotografia documental teve uma história longa e ilustre. Alguns trabalhos exemplares desse gênero incluem The Secret Paris of the’30s (1976), de Brassaï, American Photographs ([1938] 1975), de Walter Evans, e The Americans ([1959] 1969), de Robert Frank.
Faltando destacar o trecho onde é citado o livro As cidades invisíveis.
Sinopse do livro no website da Travessa (comprado em 15/08/2010 por R$36,34): Com sua habitual originalidade, o sociólogo americano Howard S. Becker lança um desafio para os cientistas sociais: admitir que eles não detêm o monopólio de representação da sociedade, reconhecendo que outros gêneros também produzem conhecimento indispensável sobre o social. Consagrado por seu olhar inovador sobre a transgressão, Becker oferece aqui a qualquer leitor interessado no estudo da cultura uma série de ensaios brilhantes a respeito de artistas, escritores, gêneros literários e formas de representação. Na primeira parte, o autor trata das ideias que permitem construir um relato sobre a sociedade e analisa diferentes exemplos, como estatísticas, gráficos, fotos, filmes e obras de arte conceitual. Na segunda parte, demonstra como áreas não convencionais de representação se desempenham bem no papel de relatar o social, analisando com muita criatividade peças de teatro, documentários, ensaios e romances.