STIGGER, V. (2020): SIGGER, Veronica. Narciso e os cadernos de Hudinilson Jr. – aula on line. vídeo, cor, 1h21’10”. youtube (via zoom), 19 ago. 2020. Disponível em: internet. Acesso em: 22 ago. 2020.
revista ZUM (acesse a postagem)
A escritora e curadora Veronica Stigger analisa os cadernos do artista Hudinilson Jr. a partir do mito de Narciso.
revista ZUM no chat: “A live ficará disponível em nosso facebook, canal do youtube e site revistazum.com.br”.
Comentários e fragmentos da aula:
Veronica Stigger conta que tudo começou no início da década de 1980. Durante uma mudança, ele depara com um baú cheio de recortes do qual nem se lembrava. Citando Hudinilson” diante das imagens guardadas: “Tive a ideia de ordená-las em forma de álbuns”. Com o conteúdo do baú fez os cadernos em busca de uma “ordenação” (palavra usava por ela). Os cadernos “criam uma narrativa”. Fiquei alarmando de pensar como esse método de Hudinilson Jr. se parece com o meu para organizar o que nomeei como “Biblioteca do Levante-BH”. Ela começa a aula “folheando [e comentando] o caderno 43”. Ela destaca as presenças nos cadernos do Davi de Miguelângelo, de São Sebastião, do Cristo crucificado e de Rose de la Vie (Marcel Duchamp). Em seguida passa ao caderno 35.
Veronica Stigger mostra (em 16’39”) uma página do caderno de referência n.º 27 e destaca: “Vocês reparam […] como ele risca […] era uma agenda antiga que […] deixa de ter a sua funcionalidade como agenda acaba se tornando caderno […] cancelamento das coisas escritas, dos compromissos […]”.
Em seguida ela deixa os cadernos para compará-los com o Atlas Mnemosyne de Aby Warburg (em 20’54”). Ela diz: “Mais do que um diário ou até mesmo um arquivo, porque um arquivo tem uma certa ordenação […] um método de organização desses cadernos do Hudinilson ele é muito próximo do método de organização do chamado Atlas Mnemosyne do Warburg.”
Comentário: Nesse momento da aula, eu fiquei petrificado, pois na minha postagem Biblioteca do Levante-BH eu havia dito:
- Ao ler a descrição de Manguel sobre a biblioteca de Warburg eu vi a Biblioteca do Levante-BH: “uma acumulação de associações, cada associação gerando uma nova imagem ou um novo texto, até que as associações devolvessem o leitor à primeira página”. Assim como era a biblioteca de Warburg, a biblioteca da nossa rede, que você está começando a acessar, é também é uma biblioteca circular.
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Ela cita Didier: “O atlas é uma forma visual do saber [não estou seguro da última palavra]”. Ainda Didier: “O atlas introduz o múltiplo, o diverso, a hibridez […] em contraposição a toda pureza estética”.
Hudinilson: “Os cadernos eram um constante exercício do ver. […] Isto começou a tomar grande parte do meu tempo, num trabalho fascinante e alucinatório […] O dia que não produze algumas páginas era como um dia perdido […]”.
Aqui eu percebo que meu trabalho se descola do de Warburg e de Hudinilson, pois eu não trabalho com a imagem (principalmente a fotografia) como algo central, mas como algo que ilustra ou confirma uma narrativa. Este, sim, é o meu interesse, quando comparo narrativas distintas para buscar incoerências, semelhanças e ambiguidades. Veja-se o título da minha tese: “Ausências, avanços e contradições””.
Veronica cita “Mnemosine, a deusa da memória”.
Ao ver a capa do “caderno de referência 1” pensei: o que produzo são cadernos?
Ao ver as agendas aproveitadas, com textos riscados, usadas como suporte para os cadernos, pensei: posso deixar de me preocupar com o meu site ainda estar com fragmentos não deletados, que foram criados por quem o produziu para mim; com o tempo, eu irei limpando-o e tornando-o mais próximo do que eu quero; ele não precisa estar livre de todos esses restos para estar disponível na internet (eu o bloqueei quase que integralmente na semana passada), bastando que eu alerte os leitores.
Recorte de jornal “O poema de Pasolini para o Brasil” + poema “Hierarquia” (no caderno de referência 1).
Nessa hora ela mostra e conta diz que o Narciso da matéria era um jogador de futebol o Santos que estava com leucemia e Hudinilson toma a matéria e a “desloca do contexto original […] adquire outro sentido”.
Depois de assistir a essa aula, inspirado por ela, criei imediatamente várias postagens : cadernos de referência de Hudinilson Jr. / “Atlas Mnemosyne…” de J. Millen / “Mnemosyne(s)” na Poiésis / “A sublevação de Atlas” de L. Wedekin. Em seguida, escrevi um “PS3” na postagem Biblioteca do Levante-BH. Três anos depois, em São Paulo, comprei o catálogo da exposição “Explícito”.