RIZZON, B. & SANTOS, P.M. (2023): RIZZON, Bruno; SANTOS, Paula Manoela. 8 ações para reduzir as mortes no trânsito com a abordagem de sistemas seguros. Porto Alegre, WRI Brasil, 11 maio 2023. Disponível em: link externo. Acesso em 5 jul. 2023.
ponto de atenção: NTL n.º 7.
comentário: é uma pena que artigo não pontue a importância da acessibilidade com desenho universal na “abordagem de sistemas seguros”.
As oito ações, descritas uma a uma no ótimo artigo, são:
- Desenvolver cidades compactas e conectadas
- Desenhar ruas mais seguras
- Oferecer mobilidade segura, limpa e de qualidade
- Estabelecer limites seguros de velocidade
- Fazer valer as leis e regulações de trânsito
- Capacitar quem planeja e quem usa as vias
- Exigir padrões universais de segurança para veículos
- Acelerar a resposta a emergências
trechos:
Barcelona e Atlanta permitem uma comparação impressionante. Ambas têm um número de habitantes semelhante, mas densidades e modos de transporte predominantes muito diferentes. A maioria dos moradores de Atlanta dirige carros particulares, enquanto em Barcelona predominam a caminhada e transporte coletivo. Parte do resultado é que Atlanta tem 18 vezes mais mortes de trânsito em média todos os anos.
[…]
As rotatórias, por exemplo, são eficazes para reduzir as velocidades de tráfego nas interseções, pontos de alto índice de colisões. As lombadas e travessias elevadas podem controlar as velocidades dos veículos perto das zonas residenciais e escolares e proporcionar melhores condições de visibilidade dos usuários vulneráveis e de convivência entre veículos, pedestres e ciclistas. E ruas mais estreitas incentivam uma direção mais cuidadosa e facilitam a travessia dos pedestres. Evidências de estudos na Cidade do México mostram que, para cada metro adicional de largura em um cruzamento, a frequência de sinistros com pedestres aumenta em até 6%.
trecho final do artigo:
Visão integrada para zerar mortes no trânsito
Em 2021, o Brasil entrou para o rol de países com políticas nacionais baseadas na abordagem do sistema seguro. O plano de ações do Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans) é dividido em seis pilares – Gestão de Segurança no Trânsito, Vias Seguras, Segurança Veicular, Educação para o Trânsito, Atendimento às Vítimas e Normatização e Fiscalização –, que contemplam a maioria dos pontos abordados nesse artigo, com ações que podem ser monitoradas a partir de metas e indicadores específicos. São previstas avaliações anuais e revisões a cada dois anos, fundamentais para garantir ciclos virtuosos da política pública.
Cada passo da abordagem de sistema seguro pode parecer simples, mas surpreendentemente poucos lugares conseguem contar com todos eles. Segundo relatório da Organização Mundial de Saúde, sem uma ação urgente, as mortes no trânsito continuarão aumentando, resultando em 2,4 milhões de mortes a cada ano até 2030. O Banco Mundial estimou que países que não investem em segurança viária podem perder algo entre 7% e 22% de potencial crescimento do PIB per capita em dois anos devido a mortes e invalidez causada por colisões de trânsito.
É fundamental que todos entendam que mortes no trânsito não são inevitáveis. Pelo contrário. Podemos fazer mais, podemos nos sentir muito mais seguros.
*Nikita Luke e Anna Bray Sharpin contribuíram para a primeira versão deste artigo, publicada originalmente no The City Fix e traduzida neste site em 21/02/2019. O artigo foi atualizado em 11/05/2023 para refletir informações mais atuais e exemplos brasileiros.