PELAS RUAS (2022): PELAS RUAS: vida moderna e experiências urbanas na arte dos Estados Unidos, 1893-1976. Curadoria: Valéria Picoli et al. Textos: Peter Wang et al. São Paulo: Pinacoteca de São Paulo, 2022. 256p. (catálogo bilíngue português/inglês da exposição, Pinacoteca, de 27 de agosto de 2022 a 30 de janeiro de 2023.
RAHE, N. (2022): RAHE, Nina. Mostra na Pinacoteca com Warhol e Hopper retrata a solidão do ambiente urbano. Exposição ‘Pelas Ruas’, que reúne obras de arte americana do século 20, recusa uma ideia única de progresso para a sociedade. Folha de S.Paulo, São Paulo, 26 ago. 2022. Disponível em: internet. Acesso em: 27 ago. 2022.
COLI, Jorge (2022a): COLI, Jorge. Arte realista dos EUA, desdenhada no país e no exterior, merece reconhecimento. Folha de São Paulo, São Paulo, 8 dez. 2022. Disponível em: internet. Acesso em: 8 dez. 2022.
ponto de atenção: citar na NTL n.º 7 e/ou NTL n.º 8 e/ou NTL n.º 9 e/ou NTL n.º 10.
trechos do catálogo:
p.60:
O individual e o coletivo / The Individual and the Collective
Do silêncio de uma rua vazia tarde da noite à agitação da enrrada de um museu à tarde, artistas dos Estados Unidos do século XX buscaram compartilhar como as pessoas transitavam pelos espaços urbanos, sozinhas ou em grupos, e procuravam representar a diversidade da população. […]
Em O banco do parque (1946) [p.64], de Horace Pippin, um homem negro desfruta de um momento tranquilo absorvido pelos próprios pensamentos no espaço aberto de um parque. […]
p.64:
p.84:
Ritmos e padrões da cidade
[…] enquanto os fotógrafos Marjory Collins e Robert Frank documentam os padrões de deslocamentos, pela cidade, de pessoas em ônibus ou bondes. […]
p.90:
Marjory Collins
Baltimore, Maryland, Bonde de 1917 [comentário: o bonde é vintage de 1917 e a foto é de 1943]
[Trolley of 1917], 1943
Baltimore, Maryland. Crianças em idade escolar e trabalhadores retornando para casa em um bonde às cinco horas da tarde [School Children and Workers Returning Home on a Trolley at Five p.m.], 1943
p.90 [duas fotografias junto à legenda]:
comentário: a seguir, outra fotografia de Marjory Collins com o mesmo nome (mostrando uma “criança em idade escolar” junto aos “trabalhadores”)
p.92
Robert Frank
Bonde – Nova Orleans, de The Americans [Trolley – New Orleans, from The Americans], 1955
p.92-93:
trechos da matéria na Folha:
SÃO PAULO
Era a manhã de uma segunda-feira quando o courier Eric Griffin chegou à Pinacoteca do Estado de São Paulo. Designado pelo Museu de Arte da Filadélfia para acompanhar a chegada da obra “O Banco do Parque”, de Horace Pippin —e garantir que ela fosse instalada sem nenhum tipo de dano —, o funcionário fiscalizou o desembalar da pequena tela, com pouco mais de 30 centímetros de altura por 45 centímetros de largura, de uma caixa que ultrapassava um metro de altura e também de largura.
Tirando e recolocando os óculos de grau diversas vezes para observar a peça ora de longe, ora de perto, ele quis saber, inclusive, qual tipo de parafuso seria utilizado para a fixação do quadro, autorizando, logo depois de observar a obra na parede, uma demão de tinta para disfarçar o suporte metálico que avançava para além da caixa de acrílico que foi fixada na obra para proteger a peça ainda mais.
Durante a montagem da exposição “Pelas Ruas: Vida Moderna e Experiências Urbanas na Arte dos Estados Unidos, 1893-1976”, que começa neste sábado na Pinacoteca, essa situação se repetiu algumas vezes dado o fato de que, além do courier de “O Banco do Parque”, o espaço recebeu outros quatro profissionais, representantes de instituições como o Museu de Arte Contemporânea de Chicago e o Museu de Arte do Condado de Los Angeles, para verificar a chegada e a instalação de trabalhos assinados por nomes como Andy Warhol e Charles White.
O procedimento, que não é incomum no meio da arte, mas que se intensifica quando se trata de itens de grande valor, dá a dimensão do que esperar da mostra realizada em colaboração com a Terra Foundation for American Art e que apresenta mais de 150 obras de 78 artistas e 16 acervos diferentes —o enfoque é a produção do fim do século 19 e do século 20.
Mas a maior simbologia do que propõe a curadoria, assinada por Valéria Piccoli, Fernanda Pitta e Taylor Poulin, se deu no momento em que a tela do pintor Horace Pippin ocupou a parede do espaço expositivo de 500 metros quadrados, se mantendo, durante o primeiro dia de montagem, como o único exemplar de seis salas.
A pintura [de Pippin], que traz a representação de um homem negro sentado num banco num parque, com o olhar perdido diante do vazio, evidencia um recorte da modernidade americana que recusa a ideia única de progresso e se centra nas ambivalências dos centros urbanos, situados entre o individual e o coletivo, a convivência e a segregação, o anonimato e o engajamento.
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imagens de outras obras expostas: