Essa fotografia ilustra também o topo da página REDE LEVANTE-BH do website LevanteBH. Sempre que me deparo com ela em exposições, paro para admirá-la novamente. Para que pessoas cegas possam saber do que estou falando, descrevo-a: Um homem visto de costas termina a pichação da expressão ABAIXO A DITADURA em um pilar ao lado de uma escadaria. Ele é observado por vários outrso homens. Abaixo da pichação há outra: FORA DITADURA. Tirada em 1968, não encontrei sua autoria.
Sobre a fotofrafia, segundo o website Memórias da Ditadura (link externo):
- Foto do jornal Manchete publicada no livro “68: a paixão de uma utopia” de Daniel A. R. Filho e Pedro de Moraes. A pichação não tem autor identificado. (link externo).
- O primeiro registro de pichação como arte no Brasil foi o emblemático “Abaixo a Ditadura”. Era o começo da street art brasileira. A pichação política nasceu no meio universitário, na década de 1960, com influência do movimento estudantil de Maio de 68 francês. As inscrições eram simples, pois demandavam agilidade para escapar da repressão policial. Com o passar do tempo, as inscrições foram difundidas pelo meio urbano, fazendo surgir pichações não só em muros, mas em construções públicas e viadutos. Nenhuma das pichações vinha assinada, elas traziam apenas a ideia de contrariedade ao regime. (link externo)
PAZ. T. (2020): PAZ, Thaís. Edição: Monyse Ravena. Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça. Brasil de Fato, Fortaleza, 1º abr. 2020. Disponível em: link externo. Acesso em: 17 fev. 2023.
- MEMÓRIAS REVELADAS (2023[1968]): MEMÓRIAS REVELADAS. Abaixo a ditadura. In: PAZ, Thaís. Edição: Monyse Ravena. Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça. Brasil de Fato, Fortaleza, 1º abr. 2020. Disponível em: link externo. Acesso em: 17 fev. 2023.
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INÍCIO
OPINIÃO
DITADURA
Opinião | “Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça”
Falar sobre o 1° de abril e o início do Golpe Militar de 1964 no Brasil é um trabalho constante de ativamento da memória
Thaís Paz*
Brasil de Fato | Fortaleza (CE) | 01 de Abril de 2020 às 14:09
Todo dia 31 de março é dia de memória. Falar sobre o 1° de abril e o início do Golpe Militar de 1964 no Brasil e sobre todos os seus desdobramentos é um trabalho constante de ativamento da memória. Não por acaso o surgimento do projeto Memórias Reveladas, a Comissão Nacional da Verdade e a tardia, mas importante, disponibilização e acesso de parte dos arquivos da Ditadura Militar. Com o slogan “Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça”, o projeto Memórias Reveladas foi, e seu site ainda é, uma referência nas pesquisas, nos estudos para a memória e para a história da repressão militar no Brasil.
Entendendo a relevância de manter essa memória viva, escolhi dois livros significativos e elucidativos sobre esse período da história do Brasil. “1964: História do Regime Militar Brasileiro”, do historiador Marcos Napolitano. O livro tem muitos méritos, desde a leitura fluida conhecida do autor, até a iniciativa de localizar e contextualizar historicamente o cenário pré-golpe no Brasil, o perfil econômico e cultural do período, a abertura política, finaliza dando destaque a importância da memória que está sendo deixada sobre o Regime Militar Brasileiro. O que entrará para a história por meio da memória?
Outro livro relevante e que nos aproxima da história recente de Fortaleza é o livro “Memórias de Luta: Ritos políticos do movimento estudantil universitário”, de Edmilson Alves Maia Jr. É um livro de falas, seja do autor que sabe construir um discurso coeso e agradável, seja de suas fontes, que ainda se mostram vivas e presentes. A obra narra momentos tênues e complexos do movimento estudantil de Fortaleza desde antes do Golpe até 1969, um ano após o Ato Institucional n°5 que conseguiu sufocar e agonizar o movimento estudantil tal como era, pois qualquer organização política passou a ser proibida, era preciso se reinventar.
Seja com Napolitano, seja com Maia Jr., o que iremos ver é a dedicação e o esforço de manter viva a história e a memória desse momento marcante do Brasil. Leituras fluidas, agradáveis e acessíveis. Com pitadas de ternura, música e poesia.
*Historiadora do Observatório de Fortaleza e Mestra em História e Culturas pela Universidade Estadual do Ceará (Uece)
Edição: Monyse Ravena