Piseagrama, Belo Horizonte, n.7-passeio, p.1-128, janeiro/2015. [ponto de atenção: NTL n.º 15]
comentário nosso:
A capa dessa edição da Piseagrama me encantou desde que a vi pela primeira vez. Tal como Proust, que se transportava à infância quando sentia o sabor de uma madeleine, essa capa me transportou às Memórias do Cárcere de Graciliano Ramos. A mulher colorizada que anda sobre uma tábua nem vê os homens em preto/branco em um nível abaixo. Ela caminha com “Firmeza em cima de pranchas mal pregadas”. Ela e a mulher que a companha, igualmente colorizada, são para mim as “tipas importantes” da primeira classe à qual o escritor se refere quando desembarca de um trem em Mangaratiba. Ele assim se recorda delas: “Acostumadas ao luxo, andavam cegas, podiam pisar-nos. […] Passariam rentes por cima de nós, machucar-nos-iam com as solas dos sapatos, como se fôssemos pontas de cigarros”.
destaque nessa edição da revista:
p.22-31: “Olhar no olho do outro” de Maria Rita Kehl.
p.50-59: “Vida pedestre” de Renata Marquez.