esse evento integra o Festival Verbo Gentileza
OLIVEIRA, M.F. (2021j8): OLIVEIRA, Marcos Fontoura de. Qual a importância da revolução gentil nas cidades. Mediação: Eveline Trevisan. Demais integrantes da mesa: Ana Virgínia Guimarães, Carla Giacomin, Cecília Santos, Renata Novaes. In: FESTIVAL VERBO GENTILEZA, 6. Mesa “Revolução gentil nas cidades”, Belo Horizonte, 24 set. 2021. YouTube, 25 ser. 2021. vídeo, cor, 1h01′. Disponível em: internet. Acesso em: 1º out. 2021.
comentário: indexado no verbete Lattes MFO (18) – entrevistas, mesas redondas, programas e comentários na mídia.
Provocada por Eveline, Carla cita Alda Britto da Motta (algo como “no Brasil se você ainda não sofreu preconceito por raça/cor ou gênero, é só uma questão de tempo para você descobrir o preconceito por idade”). BUSCAR E LINKAR
Esboço dos meus 5 minutos de fala/fama (depois das falas houve um debate):
A cada live me perguntam como prefiro ser identificado. Às vezes digo que sou “pesquisador em mobilidade urbana”, às vezes que sou “engenheiro social”. Tenho gostado mais de “engenheiro social”, porque condensa que sou engenheiro civil de graduação e depois de uma longa jornada acadêmica fiz doutorado em Ciências Sociais.
Ser engenheiro me permite calcular e projetar a infraestrutura para oferecer uma boa mobilidade urbana. Mas é ser engenheiro social que me permite ficar seguro de que as pessoas são agrupadas em categorias como uma simplificação da realidade. E aí tudo fica muito mais difícil para mim, porque meu objeto de trabalho e de pesquisa, há quarenta anos, é como garantir o direito a uma mobilidade urbana acessível (com autonomia e segurança) para todas as pessoas, com atenção redobrada para as pessoas mais vulneráreis.
E porque é difícil? Porque todos nós somos diferentes, mesmo as que estão classificadas em uma mesma categoria. O que atravessa tudo isso é que todos temos os mesmos direitos e precisamos aprender a viver juntos na cidade, respeitando as nossas diferenças. Vale lembrar Marilena Chauí: a democracia é uma busca de mais e mais direitos.
Vou dar um exemplo muito simples e que todos poderaõ entender bem, mesmo não trabahando ou pesquisando mobilidade urbana. Pensem no ato de atravessar uma rua com semáforos. Todos os locais na cidade PRECISAM (isso é um imperativo) permitir uma travessia com autonomia e segurança para todoas as pesssoas, nas 24h do dia e em todos os dias da semana.
Pensando na categoria das pessoas idosas, onde há pessoas que caminham bem mais devagar que outras, precisamos definir tempos de semáforo generosos. Um engenheiro de trânsito, que quiser dar um tempo de travessia apertado para melhorar a fluidez do trânsito, vai violar direitos das pessoas e vai cometer IMPROBIDADE. Nós precisamos, todos, garantir esses direitos.
Garantidos os tempos de travessia, precisamos focar na categoria das pessoas com deficiência visual, onde há pessoas que não enxergam se o semáforo está verde ou vermelho. Precisamos então introduzir um sinal sonoro que atue em sintonia com o sinal visual. E sem necessidade de apertar uma botoeira. Os cegos, então, podem atravessar sozinhos e com a mesma segurança que as pessoas que enxergam.
Por fim, quero compartilhar com vocês dois aspectos fundamentais:
- a legislação brasleira é muito boa, que nós não precisamos de mais leis, mas precisamos que essas leis sejam cumpridas.
- As leis não bastam para apenas não bastam para vivermos nas ciaddes: para conviver precisamos harmonizar lei, moral e cultura.
- A acessibilidade com desenho universal não é apenas para as pessoas idosas e as pessoas com deficiência, como nesse exemplo. Eu mesmo só consegui atravessar em Hong Kong com segurança por causa do sinal sonoro. E eu não tenho qualquer restriçãod e mobilidade.
É isso.