ZUCCONI, A. (2019): ZUCONNI, Angelo Zucconi. O transporte no século XIX. [blog] Terra Brasileira. s.l., s.d. Disponível em: internet-Terra-Brasileira. Acesso em: 15 ago. 2019.
conteúdo integral:
O transporte no século XIX
Época das carruagens, liteiras, cabriolés e cadeirinhas
No Rio de Janeiro, reconhece-se a casa de comércio e rico comerciante brasileiro, proprietário de engenho, pela liteira parada ao portão ou num recanto escuro da loja.
A mais bela dessas liteiras, que não sofreu a influência do luxo, é ainda, como outrora, recoberta de couro preto pregado com pregos dourados. Ela serve apenas para percorrer as florestas virgens e atravessar os riachos. Ela é também indispensável à dona da casa, que, de acordo com a tradição, visita uma vez por ano suas propriedades, onde se reúnem nessa época os membros da família, durante um mês a seis semanas. Muitas senhoras, entretanto, viajam a cavalo, e as moças não dissimulam seu desprezo pela liteira.
Liteira: Cadeirinha portátil, coberta e fechada, sustentada por meio de dois varais compridos que assentam sobre dois animais, colocados um adiante e outro atrás. É de origem oriental.
Com a vinda da Corte portuguesa para o Brasil em 1808, vieram também as carruagens.
Cabriolé: carro ligeiro, de duas ou quatro rodas para ser puxado por um só cavalo, com capota móvel.
Cab Inglês: Abreviatura de Cabriolet. Espécie de cabriolé de duas rodas, de invenção inglesa, no qual o cocheiro ocupa um assento elevado, colocado atrás. Em 30 de maio de 1850, Guilherme de Suckow obtém o privilégio para a introdução dos cabs no Rio de Janeiro. Não foram bem recebidos pelo público carioca e pouco tempo estiveram em moda.
Berlinda: O nome vem da cidade de Berlim, onde foi fabricada a primeira carruagem desse gênero, no século XVII, sobre os desenhos de Phillipe Chiese, arquiteto de Frederico Guilherme. Era uma carruagem suspensa. de dois fundos e quatro rodas, coberta com uma capota móvel guarnecida de espelhos, que se podia levantar e abaixar à vontade. Foi uma das primeiras carruagens a chegar no Brasil, pois veio com a comitiva de D. João VI em 1808.
Além das citadas, tivemos vários tipos de carruagens para particulares e mesmo algumas para aluguel:: Banguê, Break, Caleça, Celerífero, Cupê, Dorsay, Estufa, Estufim, Faeton, Jardineira, Landau, Palanquim, Paquebote, Sege, Traquitana, Vitória, etc.
A cadeirinha, importada de Lisboa, é usada no Brasil como a liteira em França. Serve comumente para as senhoras irem à missa. A cadeirinha do Rio de Janeiro é reconhecível pela sua cobertura, sempre enfeitada de ornatos mais ou menos dourados, ao passo que a da Bahia, com a parte superior lisa, é em geral menor e mais levemente construída. Se na capital o uso da cadeirinha só se verifica entre as velhas senhoras brasileiras que não possuem carruagens, o mesmo não acontece na Bahia; nesta cidade, construída em anfiteatro e pouco favorável à circulação das carruagens atreladas, é necessário, ao contrário, o uso das cadeirinhas para percorrer facilmente as ruas, quase todas íngremes. Por isso, o habitante da cidade só sai de cadeirinha ou se acompanhar por ela caso deseje andar momentaneamente a pé. Aliás, encontram-se em determinadas praças cadeirinhas de aluguel, como os cabriolés de Paris.
Em 1817 trafegou no Rio de Janeiro e alguns outros estados a diligência. Era um carro de quatro rodas, puxado geralmente por quatro cavalos ou mulas.
Em princípios de 1837 o ônibus apareceu no Brasil pela primeira vez, no Rio de Janeiro. (ver no menu lateral “Sobre pneus”)
As gôndolas, menos sofisticado que o ônibus e que nasceu quase junto com ele. A diferença era que o ônibus era provido geralmente de dois andares e carroceria com janelas, enquanto a gôndola era simples, aberta, com bancos transversais, tendo no teto somente um local para colocação de eventuais volumes dos passageiros.
Em 1856 foi autorizada a primeira linha de bonde de tração animal. (ver no menu lateral “Sobre Trilhos”)
[fontes listadas pelo autor ao final da postagem]:
- História da Vida Privada no Brasil 1 : cotidiano e vida privada na América Portuguesa / organizada por Laura de Mello e Sousa. – São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
- Brasil História – Texto e Consulta: 1 Colônia / Antonio Mendes Jr., Luiz Roncari e Ricardo Maranhão – São Paulo: Editora Brasiliense, 1979.
- Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil / Jean Baptiste Debret. – São Paulo: Circulo do Livro, sem data.
- Ilustrações Rugendas: Rugendas e o Brasil / Textos de Pablo Diener e Maria de Fátima Costa. – São Paulo: Ed. Capivara, 2002.
- Ilustrações Debret: Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil (acima) e Rio de Janeiro, cidade mestiça: nascimento de uma nação / ilustrações e comentários de Jean-Baptiste Debret. – São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
- Ilustração Cabriolé: Iconografia do Rio de Janeiro 1530 – 1890: Catálogo Analítico, Vol II / Gilberto Ferrez. – Rio de Janeiro: Casa Jorge Editorial, 2000.