branquitude em português / whiteness em inglês
identitarismo branco
privilégio em português / privilege em inglês
privilégio branco em português / white privilege em inglês
privilégio da branquitude
acess também: racismo / discriminação / preconceito
No Dicionário Houaiss (p.2301) encontramos que privilégio é um substantivo masculino, com origem no século XIII (imagem que segue com verbetes completos: privilegiar / privilégio).
Privilégio branco ou privilégio da branquitude é expressão usada para designar situações em que uma pessoas branca obtém uma concessão ou um tratamento privilegiado, apenas pelo fato de ser branca, em oposição a pessoas negras que, em igual situação, não obteriam a mesma concessão ou tratamento. Um alerta: privilégio / privilégio branco e narrativa de supremacia branca são verbetes a serem lidos juntos.
A seguir, informações sobre o assunto em ordem cronológica decrescente.
3 out. 2020: Na aula “Precisamos falar de Democracia” Marilena Chauí pergunta e responde: “O que é um direito? Não é uma necessidade, uma carência e nem um privilégio“.
4 set. 2020: No artigo Identitarismo branco, Vladimir Safatle começa afirmando: “Demorou muito tempo até que eu percebesse o quanto a pretensa especificidade da filosofia ocidental era um dos mais brutais dispositivos coloniais já inventados”.
27 ago. 2020: Em resenha do livro “Retorno a Reims”, de Didier Eribom, Paulo Roberto Pires cita o autor para falar em privilégio, desertor de classe e pertencimento de classe.
15 dez. 2019: A reportagem “Combate a racismo exige reconhecimento de privilégios da branquitude” são apresentados “alguns dos 46 privilégios brancos elencados pela pesquisadora americana Peggy McIntosh em 1988, quando a acadêmica feminista e antirracista se tornou a principal divulgadora dos estudos críticos da branquitude (“whiteness”, em inglês) enquanto lugar social de vantagens materiais e simbólicas.” Na mesma reportagem: “Para Claudia Rankine, é impossível ser antirracista sem reconhecer os privilégios da branquitude“.
5 nov. 2017: Reportagem “Pessoas brancas falam sobre privilégio branco. no website do Geledés citando “o famoso ensaio de 1988 de Peggy McIntosh, “White Privilege: Unpacking the Invisible Knapsak” “.
16 fev. 2017: Em entrevista de Raol Peck sobre “Eu não sou seu negro”, o diretor do premiado documentário fala da importância do engajamento branco na luta contra o racismo. Segue o trecho:
- [Alessandro Giannini pergunta] Gostaria de colocar ao senhor a mesma questão que Dick Cavett, apresentador de um talk show de sucesso na TV americana, faz a James Baldwin em uma entrevista no início dos anos 1960 e que abre o filme: não houve nenhum progresso nas questões raciais, não há esperança para que se dê um passo definitivo?
- [Raol Peck responde] Baldwin diz para Dick Cavett que somos os arquitetos do futuro. Cabe a nós — incluindo os brancos, porque não somos nós, os negros, os únicos a carregar o fardo de ter que responder a isso — mudar a forma como olhamos para a questão racial. Ele [ele quem: Cavett ou Baldwin?] diz literalmente: “Eu não inventei a escravidão, não inventei (as leis de segregação racial) Jim Crow, não inventei o racismo. Como você quer que eu lute e mude o mundo para você?”. Essas são palavras importantes e profundas. A questão de Cavett é inocente. Então, a situação está melhor e você não tem nada a ver com isso? É o que chamamos de “privilégio branco”, ou seja, você não pode se dar ao luxo de não ver o que está acontecendo do outro lado, porque você está em um lugar privilegiado. Não existem dois tipos de História, ela é a mesma para todos. Esse país, os Estados Unidos, foi construído em cima de dois genocídios, o dos índios e o da escravidão. Por falar nisso, o mesmo problema acontece no Brasil.
1992: Na autobiografia de Malcolm X, ele fala do privilégio (não exclusivo) de se sentar em uma mesa com adultos brancos na case de detenção em Mason (p.36).
1988: Ensaio “White Privilege: Unpacking the Invisible Knapsack” de Peggy McIntosh.
Comentário nosso
Tudo isto, anteriormente mostrado, remete a uma entrevista do presidente do Brasil, empossado para 2019-2022, então candidato em 2018, assumindo publicamente que iria querer continuar sendo um privilegiado, embora seja incapaz de, sequer, saber o que isto significa. A entrevista no programa Roda Viva, da TV Cultura, que contém essa fala é matéria de reportagem Uol (link). Segue o trecho:
- “Que dívida? Eu nunca escravizei ninguém na minha vida”, afirmou. “É justo a minha filha ser cotista? O negro não é melhor do que eu, e nem eu sou melhor do que o negro. Na Academia Militar das Agulhas Negras, vários negros se formaram comigo. Alguns abaixo de mim, alguns acima de mim, sem problema nenhum. Por que cotas?”, disse. Em suas respostas, o deputado disse ainda que “se for ver a história realmente, os portugueses nem pisavam na África, eram os próprios negros que entregavam os escravos”.