OLIVEIRA, M.F. (2024m4): OLIVEIRA, Marcos Fontoura de. Apontamentos sobre a cidade de São Paulo (mar./abr. 2024). Levante-BH, Belo Horizonte, 28 mar. a 2 abr. 2024.
peças: Medea de Mike Bartlett por Cia. do Sopro na Vila Maria Zélia; Chego até a janela e não vejo o mundo de Mellão e Cury no Itaú Cultural, Todas as coisas maravilhosas de Macmillan & Donahue no Tucarena; Cão gelado de Filipe Iseense no Sesc Pompeia; “A história sem fim” (link externo) de Michael Ende no Centro Cultural Fiesp; O fim é uma outra coisa de Zora Santos no Sesc Paulista; “Irineu” de Tiago Luchi no Espaço Marte Hall (programa).
exposições: “Francis Bacon: a beleza da carne” no Masp; “Arte na Moda” no Masp; Mário de Andrade: duas vidas no Masp; Gran Fury: arte não é o bastante no Masp; “Acervo em transformação – desde 2015” no Masp; Quase circo de Carmela Gross no Sesc Pompeia; Gervane de Paula: Como é bom viver em Mato Grosso na Pina; “José Bento: Caminho de Guaré” na Pina; “Lygia Clark: Projeto para um planeta” na Pina; “Pinacoteca Acervo”: “Territórios da arte 1 – Exercício de me ver” / Corpo e território 11 e 12″ na Pina; Topografia da memória de Sallissa Rosa na Pina Contemporânea; “Cao Fei – o futuro não é um sonho” (revisitada) na Pina Contemporânea.
filmes: documentário Ascenção e queda – John Galliano (2023).
comprei ou ganhei: livro Conversas do arquipélago de Glissant & Obrist; matéria “Parar o bombardeio” no jornal PCO (cx. LVT); cartão “O violeiro” (1899) de Almeida Júnior (cx. LVT); cartões Pina Contomporâna “O que é distopia” / “O sonho é um privilégio de quem pode consumir?” / “A quem pertence a utopia?” / “O futuro é um sonho?” (cx. LVT); folder “Pinacoteca de São Paulo” (cx. LVT).
lugares: Vila Maria Zélia (zona Leste) – acesse: São Paulo antiga; restaurante Fitó Contemporânea.
Em 1º de abril (parece piada, mas não é) fui visitar a Pinacoteca de São Paulo, no centro da cidade.
Após visitar exposições na Pina (como o prédio mais famoso da Pinacoteca costuma ser identificado), decidi ir mais uma vez à Pina Contemporânea, edificação quase contígua. Em dias comuns, vai-se de um museu a outro, caminhando a pé pela Praça da Luz. Dessa vez, no entanto, por ser uma segunda-feira, a Praça está fechada (inexplicavelmente) e o caminho precisou ser diferente, embora igualmente a pé e sem precisar atravessar qualquer rua ou avenida. Saí pela Avenida Praça da Luz (que dá acesso à Pinacoteca de uma lado e à Estação da Luz do outro), virei à esquerda seguindo a grade da Pina até a esquina com Avenida Tiradentes. Contornei a esquina e segui pela avenida até a entrada da Pina Contemporânea. A experiência é impactante: sai-se de um museu público para outro, ambos do que se costuma classificar de “alta cultura”, caminhando por calçadas sujas e cheias de pessoas em situação de rua, largadas à própria sorte.
Antes de visitar as exposições, decidi almoçar. Que ideia magnífica (concluí depois)! O restaurante do museu fica no mezanino. Seu nome: Fitó Contemporânea. O espaço é comprido, quase um corredor: é um passadiço envidraçado. Escolho uma mesa. De um lado vejo a Rua Ribeiro de Lima, do outro lado vejo o Parque da Luz. Abaixo de mim vejo uma enorme obra de Tunga no átrio da edificação. Sei que no andar de baixo há uma pequena galeria, onde está a exposição de Salissa Rosa. Sei também que no andar mais abaixo está a grande galeria do museu, onde está a exposição de Cao Fei.
O restaurante é bonito. A comida é muito boa. A opção de almoço executivo nesse dia (segunda-feira) é vegana: dia sem carne. Bem previsível, para quem almeja parecer ser um lugar “contemporâneo”. Ainda bem que não desisti (foi quase) ao ouvir a descrição minuciosa e presunçosa do menu: carpaccio de manga, arroz de curry verde, manjar de coco. Me lembrei das descrições dos pratos no filmes Viver mal / Mal viver.
A música é agradável: Elis Regina canta “Madalena”, Cazuza canta “Piedade”. A maître Morena (soube o nome por um dos garçons), que me recebe, é amável. Ela usa trança. Sua indumentária é um vestido verde bem largo e tênis. As/os muitos garçonetes e garçons vestem-se de negro. Todos têm uma aparência simpática e moderna.
Saboreei a comida. Ao final pedi uma cajuína (“suco de caju clarificado, sem adição de açúcar, direto do Piauí” como é apresentado no cardápio) e não achei grande coisa.
Pensei naquelas pessoas excluídas de tudo que desfruto, pelas quais passei momentos antes, no meu caminho a pé pelas calçadas. A questão que fica, sem resposta é: como pode uma cidade oferecer tanto a uns (eu, no caso) e nada a outros? Um nova questão, derivada da que formalizei em 30/03/2024: Será que os paulistanos querem que sua cidade seja inclusiva?